Falando de autoamor

Falar de autoamor é uma tarefa pouco fácil, pois logo confundimos com mimos. Já que isso se refere a fazer tudo o que se quer, a tomar atitudes voluntariosas, a colocar-se no centro do mundo para que os outros entendam nossas aspirações, é ficar numa boa, não importando mais nada. É centrar-se no próprio eu e só ter olhos para si e suas fantasias.

Assim como fizemos com a noção de amor, vamos tirar de nossa cabeça algumas ideias errôneas a respeito de amor por si, para ficarmos só com os verdadeiros componentes do autoamor.

Muitas vezes deixamos de fazer algo para que o outro não ache ridículo. Isso é autoamor?

Em nome da vaidade, criamos regras, normas, nos tornamos moralmente certinhos, corretos, perfeitos. Escorregar jamais, tampouco cometer uma falha, pois seria errado. Isso é autoamor ou vaidade? Só que não nos permitimos ser o que somos, pois temos um ideal e ele tem que ser cumprido. Queremos, por amor a nós, fabricar o ideal de nós mesmos. Em vez de conquistar o que somos, vamos atrás do sonho do que deveríamos ser.

Em vez de autoamor parece mais uma autotortura, que em nome do que requer a imagem, calamos o humano em nós para sermos somente a máscara.

O vitimismo é mais um aspecto onde a pessoa, inconsciente de sua capacidade de ser ela mesma, se coloca nas mãos dos outros. Passa a ser uma dependente e a exigir que o mundo faça para ela o que ela mesma não tem forças para fazer. Quando as coisas não dão certo, “desaba o mundo”, quase morre de dó de si mesma, entra na história da “lesada, coitadinha!”. É um estado depressivo. A crença na pobreza da vida a leva a se proteger, a não atuar, a não assumir.

Grande parte das defesas psicológicas é gasta para defender o próprio orgulho, que é um estado de consciência em que a ilusão domina. Em vez de amarmos, queremos nos orgulhar de nós mesmos. No Amor por si há elementos preciosos que se interligam num complexo sistema de integridade e inteireza que podemos chamar de dignidade humana.

Que tal observarmos o que mais o autoamor contém?

Autorrespeito: respeitar sua própria essência. Entender que aquilo que sentimos é indiscutível, pois os sentimentos são individualizados, são frutos de uma interpretação única de uma experiência pessoal. Fala-nos sobre o reconhecimento da verdade de cada um, dos limites pessoais, do nível de consciência alcançado, do que foi vivido, do que foi experienciado.
Será que você se aceita como realmente é?

Autoapreciação: ser o que é, sem pretensão de ser melhor, de ser mais, de ser diferente. Olhar-se com consideração. Ninguém é mais do que eu. Toda vez que achamos que alguém é mais importante que nós é porque não nos damos importância. É aprender a gostar de si mesmo, é olhar-se com a devida atenção, o que posso ser é apenas ser. O que pretendo ser é coisa da minha cabeça vaidosa exigindo de mim um modelo de ser humano competente.
Você consegue se olhar sem se criticar? Aceita os erros como aprendizado? Aplaude seus êxitos sem necessidade de se vangloriar deles?

Auto-Reconhecimento: é sentir os próprios valores como aceitáveis e naturais. Nada é errado em nós, tudo é como a natureza permite que seja. É olhar-se com olhos mais compreensivos. Compreender que nossas experiências são oportunidades de aprendizagem e de ampliação de nossa consciência. É sentir que podemos porque acreditamos que podemos e não porque alguém assim o disse.
Como você trabalha o elogio e a crítica? Se alguém disser que não gostou do seu trabalho como você reagiria?

Autoaprovação: é reconhecer e aprovar seus limites e capacidades.
Quanto você precisa de aprovação alheia? Você consegue se vestir e sair sem precisar perguntar: Estou bem assim?

Autoestima: apreciar-se, avaliar-se com discernimento banindo o julgamento. Pensar positivamente consciente de que tudo há uma razão de Ser. Auto estima é olhar-se com naturalidade, observar-se para crescer e não para criticar. Estar bem consigo mesmo. Descubra o prazer de SER.
Como é ficar em casa sozinho durante um fim de semana inteiro? Qual o tamanho de sua necessidade de ser amado?

Autovalorização: é recuperar a confiança em si mesmo, é ter o sentir como referencial de comportamento. Confie mais em você sem esperar que o outro diga o que tem que ser feito.
Quantas vezes você pergunta ao outro se o que sente ou faz é certo?

Autodomínio: é viver de si, de sua essência, sem depender de ninguém para fazer você se sentir feliz, ser feliz porque você optou e não porque alguém lhe proporcionou.
Ainda tem necessidade do apoio do outro? Quanto de sua alma você procura na alma alheia?

Autoamor é conquistar-se, é viver da fonte de sua alma. Amar-se é fazer de seu mundo interior um mundo de paz onde nada e nem ninguém pode invadir. Se assumirmos a responsabilidade por nós e por nossas escolhas todas as portas se abrirão, as chaves estarão sempre nas nossas mãos.

Ser feliz é possível desde que você acredite nela e em você. Recebemos da vida a medida justa do que damos para nós mesmos. Dê carinho, respeito, consideração, afeto a você mesmo para poder receber a própria energia que emana.

Esteja sempre no presente e tome atitudes para ser feliz hoje sem ter que esperar que algo aconteça para ser feliz.

Lembrar que é dando que se recebe é essencial. Amar a si mesmo é essencial.

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